3 de junho de 2012

As crateras da alma


Hoje às três a lua estava como um outdoor entre o negro sem fim do céu estrelado. Era cheia, assim como eu, cheia de luz, de sanidade, de prosperidade, parecia que a lua sorria, lua linda. Não sou lindo, não sorrio, não sou tão são. Como se todas as bobagens que nos fazem engolir todos os dias não fizessem mesmo sentido, hoje reparei que a lua tinha seu lado bom, assim como eu, mas é impossível comparar um satélite tão perfeito comigo, um garoto com tantos problemas.
Gostaria de estar cultuando a lua nesse momento, em um estado talvez alterado, em um lugar não tão legal, com alguém não tão simpático, mas gostaria de olhar para o céu e ver que a lua acima de tudo resplandece sobre a vida noturna de todos.  Gostaria é mesmo de ter uma vida noturna.
Às vezes me sinto só o suficientemente para começar a agir e pensar de maneira totalmente diferente em questão de segundos, não é fácil desabar entre os que te fazem caminhar rumo a uma fortaleza de esperanças, mas enquanto eu sinto que piso em falso e tropeço, em vez de compaixão demonstrada através de um abraço amigo, o que ganho mesmo é um vá se foder e aprende a viver. Eu sei viver! Como todos sabem, talvez mal, mas ainda sabem.
Agora às cinco, na escuridão do meu quarto, eu sinto mesmo é falta do apoio, do carinho, do abraço, da compaixão, do conhecimento, do ócio, da vontade. Ah, a vontade... Não saio, não beijo, não trepo, não ganho, não perco e não nego.  Mas a vontade sempre fica.
E enquanto a lua se despede, sinto que acabo de perceber que ela também tem suas crateras, seus defeitos, não sou a lua, mas sou tão atingido quanto a mesma, por meteoros de realidade a cada dia que eu penso numa estrela cadente longigua, qual um dia um desejo já foi pedido. E talvez nunca realizado.

B. Bellato

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