14 de janeiro de 2013

O Moço da porta do bar


Figura contraditória, contraditada. Figura semblante.  É o que diante de meus olhos passava, mesmo que por segundos, e que me emocionara. Vestindo flanela, de calça capri, bege claro, de sandálias de couro, sentado em frente à porta de um bar, na rua ladrilhada e antiga no centro de Paraty. Barbado, de bom gosto, fumava, olhando para o movimento da rua e mudando sua direção para o céu, estrelado de uma noite calorosa, mas lotada da brisa de qualquer litoral brasileiro. Talvez eu realmente quisesse saber da onde surgia figura tão única, que fez a diferença sobre aquele lugar místico, mas não, continuei prosseguindo, conversando com meus amigos.
Anos se passaram, e puxando um assunto qualquer, vem-me à cabeça a figura do tal moço da porta do bar, único, como pessoas que passam apenas uma vez em nossas vidas. Inconformado, admiro a identidade que a vida nos dá de apenas ignorar fatos e sombras. Talvez eu precisasse ser aquele moço, que não se importava com o movimento, com a clientela e muito menos com sua própria vida. Queria preocupar-me menos com a vida, deixar a vida fazer o que bem entender com a minha pessoa. Detesto escolhas, detesto pressão, detesto decisões, amo mesmo o cigarro, a flanela e a porta do bar, o céu aberto e estrelado e a brisa do mar. Ah o moço da porta do bar...

B. Bellato

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