22 de janeiro de 2013

Novo travesseiro


Eu sinto saudades. O ser humano que disser que não sente saudades não é um ser humano puro e verdadeiro. Sinto saudades daquele tempo bem remoto, que ficava guardado dentro de uma caixinha e que dormia incontrolavelmente, em um dos milhares de reinos mentais espalhados sobre minha alma. Até um certo dia eu despertá-lo, e irritá-lo, fazendo com que ele não deixasse mais deitar-me em paz sobre o meu mais recente travesseiro adquirido.
Tempo bonito, tempo perfeito, tempo passado. Incrível como chorar pelo leite derramado faz-me sentir melhor nos dias de hoje, mas não é pela minha juventude, ou pelas minhas espinhas que se foram. É pelos meus amigos, e minhas vivencias, poucas, mas boas, que me trouxeram experiências indescritíveis.
Mas se me perguntassem o que eu faria no passado se tivesse mais uma oportunidade, talvez dissesse que faria tudo diferente, mesmo sabendo que ficaria tudo exatamente igual como esta agora. Um belo dia iria acordar com um sorriso no rosto, tomar um café com leite e não estudar muito, mas também não parar de estudar, iria estudar como estudei, mas com um prazer enorme de estudar novamente. Iria-me perfumar e sair pela noite, não beijando muito mais rostos, mas não parando de beijar, iria beijar as mesmas pessoas, só que com muito mais satisfação em perceber que aquele beijo fez a diferença na minha vida. Diria mais eu te amo, mesmo sabendo que aquela pessoa que te ouve iria desaparecer depois de uns meses, foda-se, não deixei de amá-la por ela ter sumido.
Diria sim, diria não, deixaria o talvez para hoje. O ontem eu faria questão de deixar finalizado, concreto. Com tantos “talvez” ditos acabei deixando o passado se tornar meu presente, e o futuro deixou de ser incerto e passou a ser aterrorizante. Só não quero mais dizer talvez, quero resolver as coisas, ao menos enquanto os dias mudarem e eu esperar, calmo, frio, com ou sem medo, por uma primavera serena e gelada novamente.


B. Bellato.

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