9 de junho de 2010

Chacina de Rotina - O tempo

  Quem sou eu
  Que vê o tempo anoitecer, mas não adormece. E que vê o tempo amanhecer, mas apenas se entristece.

  Há quem diga que o tempo acaba com a mágoas, cura tristezas e faz cicatrizes.
  Pode até ser verdade.
  Eu procuro a existência dos sem-tempo.
  Gente esmagada pelo tempo, gente destroçada pelo tempo, e gente sem tempo de dormir.
  Gente sem tempo de ter tempo. Gente sem tempo de ser curada pelo tempo.    Gente sem tempo com os outros, gente sem tempo de ser gente.

  E eu procuro a essência, dos com-tempo.
  Gente com tempo de trabalhar, gente com tempo excedendo a hora em minutos, gente com o tempo controlando relógios biológicos já podres.
  Para rodarem manivelas de máquinas em horas infinitas de servidão.
  O ponteiro do relógio é o batimento cardiaco do lucro, do dia-dia , do esforço.
  É necessário mais.
  O marcapasso que mostra o tempo. Que rapidamente avança, em que o coração bate, e cansa...
e morre.

  E nessa hora, não deu nem tempo de ver. Já que foi-se o tempo há longos anos!

  Quem sou eu
  Se sou... nada. Se não sou nada. Se não sou nada mais. Se não sou nada mais nem menos. Do que o tempo.



C. Rey

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