2 de abril de 2011

Chronicles - Amigos à parte.

- Prometo que serei breve.
- Quanto tempo?
- O quanto você tiver, é sério, realmente preciso falar contigo. Não suporto mais essa dor.
- Fale então, estou a ouvidos – Não parecia totalmente vindo do jovem de pouca idade, talvez até menor judicialmente, mas maior demais para um caráter boêmio.
- Sabe... – O outro, talvez um pouco mais velho, mas muito mais jovem aos olhos da sociedade, recitava poucas palavras com sua voz rouca de lágrimas que não suportariam segurar por mais alguns instantes. – Talvez não sejamos mais os mesmos, eu não queria que isso acontecesse e você não está fazendo muita coisa para ajudar, poderíamos talvez sairmos algum dia, por sair mesmo. Eu queria só mais tempo com você...
- É só marcar. – retrucou sem nenhuma emoção, parecia extremamente com pressa, poderia ser na verdade um método de tentar sair daquela conversa íntima e indiscreta aos olhos de outros que estavam por perto, a graça sempre está nos olhos de quem vê.
- Como assim é só marcar? Tudo bem, eu relevo, quando você está livre?
- Então, depende sabe... – Houve um silêncio, silêncio estranho, sem jeito do que respondia. – Olha faça o seguinte... ligue para mim.
- Mas eu já tentei inúmeras vezes, você nunca respondeu minhas mensagens, nem se quer me ligou retornando algumas ligações, o que há de errado?
- Nada. – Novamente respostas curtas, faziam daquela conversa irritante mais alguns nós na garganta do mais velho, fazendo com que ele apertasse ainda mais seus olhos lacrimejados.
- Você não é mais o mesmo, não sei como ainda te procuro.
- Lógico que sou! Pare com essas conversas! Elas só te prejudicam, sério, dê um toque no meu celular, me envie uma mensagem via Twitter, algo do tipo, a gente sai junto.
- Talvez eu não queira mais...
- Por quê?
- Pela simples razão que me abandonar quando eu mais precisava de você.
- Mas eu sempre estive aqui amigo!
- Amigo que é amigo de verdade, liga para o outro, pergunta se está bem, troca experiências de vida, fatos importantes, presta ajuda em momentos difíceis, comemora quando a vida lhe dá um diploma, não deixa de dar abraços, transmitir afeto, conseguir aprender um com o outro, amigo de verdade não lhe dá as costas por um litro de vodka, deixa o outro sentado por uma noite de zona, amigo mesmo corta despesas, mente, vence, perde, sempre pelo outro! Acho que amigo de verdade também chora por uma situação dessas, chora quando se perde um amigo...
O silêncio voltou... Desta vez como um grande choque entre os dois corpos estáveis, a baixa iluminação pública fazia uma cena de típica madrugada de sexta feira infeliz, um final de semana suicida. As lágrimas não foram mais engolidas pelo sincero jovem rapaz, mas apenas uma cai de seu olho direito como um sinal de que não valia a pena gastar mais desta única para uma pessoa da qual não lhe ama mais. Não se soube o principal motivo da morte.

B. Bellato (vulgo O Bellatore)

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