Sinto
dizer, mas é desse jeito que funciona a vida. Aquela vida inteira, na verdade
um terço do que você já viveu, todas aquelas almas com quem você já trocou pelo
menos um olhar, aquele seu amiguinho que brincava de desvendar o mundo com você,
ou aquele que te botou no colo e disse que chorar faz bem depois de 10 anos.
Foram
ao todo 15 anos para mim, até mais para você leitor, dependendo do momento em
que começou a estudar, ou orar, pois a instituição escolar sempre foi um templo.
Um templo de sentir mal, ou ser acolhido... Um templo de te encorajar, ou te
fazer se sentir um merda... Um templo de saudação à vida.
Seus
primeiros passos, primeiros desenhos, primeiras letras, textos, contas, amores,
inimigos, curiosidades. Tudo... Praticamente tudo começou na escola. É difícil você
escrever aquele mega-texto que sempre desejou, talvez aquele discurso que nunca
foi dito a ninguém, e muito menos na sua formatura, mas eu vou tentar descrever
um pouco da minha vida escolar. Afinal, eu, como escritor frustrado, tenho que
cuspir minhas ideias em algum lugar no mundo, e o lugar que vomito toda essa
confusão mental é aqui.
Recordo-me
daquele Pato Donald de cor laranja, enorme, de plástico, talvez com 30 anos de
idade na época, brinquedo de herança. Lembro-me dele sendo arremessado na
cabeça dos pequenos fetos de pessoa que faziam questão de me insultar de alguma
maneira naquela primavera de 1998. O meu primeiro selinho veio na mesma
época... Em uma garota que talvez não me merecesse, não naquele tempo, nem
agora, nem nunca. Mas romantizado pela ideia de ter uma parceira aos 5,6 anos
de idade, ligava escondido para aquela pequenina princesa de olhos azuis e
cabelos bem loiros... Até eu ser pego e ter tomado aquela primeira surra que te
marca para o resto da vida sabe?
Em
2000 aquela mudança toda de escola... Novos amigos, a inveja corroendo por
dentro, o primeiro furto e o arrependimento depois de anos... Foda-se! Não
estava em um lugar bom, não me adaptei como a outra escola... E já iria fazer
minha primeira formatura mesmo, ao som da trilha sonora do desenho da minha
vida. Belos momentos.
2001,
o holocausto dos meus sete anos de idade. A mudança para uma escola rígida, de
regras e disciplinas jamais vistas, onde a maioria da sala era mais alta que
você e mais estranha também. Aquela professora linda... Beleza que se punha a
mesa, com aquele bolo de chocolate feito especialmente pra ela, só prá fazê-la
abrir aquele sorriso no rosto. Agradeço
até hoje pelo modo divertido de que comecei a ler, escrever, fazer contas...
Tudo na primeira série.
2002,
nova mudança. A escola mais perto da minha casa, mas com regras parecidas com a
que tinha acabado de sair. Mas a professora... Não chegava nem aos pés da
novinha. Parecia ter 150 anos. Aquelas garotas chatas, aqueles garotos
brincalhões demais para o meu gosto da época, aquela patifaria toda da classe
C, sendo que só sabia conviver bem numa classe B.
Passou
um, dois, três, quatro, cinco anos, traumas vieram, dúvidas vieram, humilhações
e chacotas com mais força que as normais vieram. A situação já havia passado do
ponto saudável há anos, mas tive que me adaptar, eu resolvi encarar, bater de
frente com a falsidade, com o desmerecimento. Se as coisas começariam a mudar?
Que nada, tudo voltou ao mesmo depois de certo período de tempo.
Em
2008 chegava o fim... O fim daquele período exaustivo de bullying e disputa. Também
saia de uma vida pacata, para o êxtase. 2009 o bicho pegou. Novos amigos, novas
concepções de entender a vida e ser feliz, enfim aquela certa liberdade de se
expressar tão esperada.
Naquela
nova instituição, estudo era coisa séria, mas diversão era a segunda palavra
mais utilizada. As dúvidas voltaram, o novo apareceu, foi difícil enfrentar a
depressão, principalmente quando se utiliza de dois períodos para estudar, foi
então que comecei a vomitar por aqui.
Depois
de um bom tempo, percebo que estou no melhor ano da minha vida, sem via de
dúvidas, e toda a história bonita que vivi nos últimos três anos de vida escolar
foi-se por água abaixo em um piscar de olhos. Sei que entrar em uma sala de
aula nunca será a mesma coisa. Não há mais a obrigação, não há mais o que
aprender... Agora tem é que se virar para estudar. E a diversão? Fica bem mais
longe do que em segundo plano, e sim como um mero instrumento do final de
semana que faz você torrar seu novo salário do seu mais recente (ou primeiro)
emprego.
Agradeço
a todos que permaneceram comigo nesse caminho até aqui. Parece que não temos
mais mãos para nos guiar... Mas a mãos que vocês deram para eu segurar durante
todo esse tempo, foi de ótimo proveito. Espero que aquele meu carinho forte até
demais, justificado pela extrema carência não tenha os atrapalhado. Espero que
todos se dêem bem na vida, assim como eu também espero que o meu futuro não
seja um fracasso.
“A educação é aquilo que
fica depois que você esquece o que a escola ensinou”
(Albert Einsten)
B.
Bellato (Vulgo O Bellatore).
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