12 de dezembro de 2011

O último sinal para o intervalo


Acabou...
Sinto dizer, mas é desse jeito que funciona a vida. Aquela vida inteira, na verdade um terço do que você já viveu, todas aquelas almas com quem você já trocou pelo menos um olhar, aquele seu amiguinho que brincava de desvendar o mundo com você, ou aquele que te botou no colo e disse que chorar faz bem depois de 10 anos.
Foram ao todo 15 anos para mim, até mais para você leitor, dependendo do momento em que começou a estudar, ou orar, pois a instituição escolar sempre foi um templo. Um templo de sentir mal, ou ser acolhido... Um templo de te encorajar, ou te fazer se sentir um merda... Um templo de saudação à vida.
Seus primeiros passos, primeiros desenhos, primeiras letras, textos, contas, amores, inimigos, curiosidades. Tudo... Praticamente tudo começou na escola. É difícil você escrever aquele mega-texto que sempre desejou, talvez aquele discurso que nunca foi dito a ninguém, e muito menos na sua formatura, mas eu vou tentar descrever um pouco da minha vida escolar. Afinal, eu, como escritor frustrado, tenho que cuspir minhas ideias em algum lugar no mundo, e o lugar que vomito toda essa confusão mental é aqui.
Recordo-me daquele Pato Donald de cor laranja, enorme, de plástico, talvez com 30 anos de idade na época, brinquedo de herança. Lembro-me dele sendo arremessado na cabeça dos pequenos fetos de pessoa que faziam questão de me insultar de alguma maneira naquela primavera de 1998. O meu primeiro selinho veio na mesma época... Em uma garota que talvez não me merecesse, não naquele tempo, nem agora, nem nunca. Mas romantizado pela ideia de ter uma parceira aos 5,6 anos de idade, ligava escondido para aquela pequenina princesa de olhos azuis e cabelos bem loiros... Até eu ser pego e ter tomado aquela primeira surra que te marca para o resto da vida sabe?
Em 2000 aquela mudança toda de escola... Novos amigos, a inveja corroendo por dentro, o primeiro furto e o arrependimento depois de anos... Foda-se! Não estava em um lugar bom, não me adaptei como a outra escola... E já iria fazer minha primeira formatura mesmo, ao som da trilha sonora do desenho da minha vida. Belos momentos.
2001, o holocausto dos meus sete anos de idade. A mudança para uma escola rígida, de regras e disciplinas jamais vistas, onde a maioria da sala era mais alta que você e mais estranha também. Aquela professora linda... Beleza que se punha a mesa, com aquele bolo de chocolate feito especialmente pra ela, só prá fazê-la abrir aquele sorriso no rosto.  Agradeço até hoje pelo modo divertido de que comecei a ler, escrever, fazer contas... Tudo na primeira série.
2002, nova mudança. A escola mais perto da minha casa, mas com regras parecidas com a que tinha acabado de sair. Mas a professora... Não chegava nem aos pés da novinha. Parecia ter 150 anos. Aquelas garotas chatas, aqueles garotos brincalhões demais para o meu gosto da época, aquela patifaria toda da classe C, sendo que só sabia conviver bem numa classe B.
Passou um, dois, três, quatro, cinco anos, traumas vieram, dúvidas vieram, humilhações e chacotas com mais força que as normais vieram. A situação já havia passado do ponto saudável há anos, mas tive que me adaptar, eu resolvi encarar, bater de frente com a falsidade, com o desmerecimento. Se as coisas começariam a mudar? Que nada, tudo voltou ao mesmo depois de certo período de tempo.  
Em 2008 chegava o fim... O fim daquele período exaustivo de bullying e disputa. Também saia de uma vida pacata, para o êxtase. 2009 o bicho pegou. Novos amigos, novas concepções de entender a vida e ser feliz, enfim aquela certa liberdade de se expressar tão esperada.
Naquela nova instituição, estudo era coisa séria, mas diversão era a segunda palavra mais utilizada. As dúvidas voltaram, o novo apareceu, foi difícil enfrentar a depressão, principalmente quando se utiliza de dois períodos para estudar, foi então que comecei a vomitar por aqui.
Depois de um bom tempo, percebo que estou no melhor ano da minha vida, sem via de dúvidas, e toda a história bonita que vivi nos últimos três anos de vida escolar foi-se por água abaixo em um piscar de olhos. Sei que entrar em uma sala de aula nunca será a mesma coisa. Não há mais a obrigação, não há mais o que aprender... Agora tem é que se virar para estudar. E a diversão? Fica bem mais longe do que em segundo plano, e sim como um mero instrumento do final de semana que faz você torrar seu novo salário do seu mais recente (ou primeiro) emprego.
Agradeço a todos que permaneceram comigo nesse caminho até aqui. Parece que não temos mais mãos para nos guiar... Mas a mãos que vocês deram para eu segurar durante todo esse tempo, foi de ótimo proveito. Espero que aquele meu carinho forte até demais, justificado pela extrema carência não tenha os atrapalhado. Espero que todos se dêem bem na vida, assim como eu também espero que o meu futuro não seja um fracasso.


“A educação é aquilo que fica depois que você esquece o que a escola ensinou”
(Albert Einsten)

B. Bellato (Vulgo O Bellatore).

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