Feels so good but I'm
old
2000 years of chasing
taking its toll
And it's coming closer…
Como sempre, saindo correndo do local onde eu trabalho,
atravesso aquela avenida movimentada e espero o ônibus que sempre pego,
ultimamente perco-o, mas hoje foi diferente. O coletivo se aproximou e eu
embarquei com veracidade, ultimamente nem respeitando os mais velhos, que se
danem, eu fiquei muito mais horas em pé que eles, e carregando peso por sinal,
sei da minha idade, da minha juventude, mas também sei do meu cansaço e das
minhas dores.
Andando entre o corredor, percebo que só há uma
espécie de ser humano dentro daquele ônibus, os universitários. Já era de se
esperar, até porque o nome da própria linha é de uma faculdade, mas mesmo assim
nunca tinha visto tanto estudante junto neste horário. O melhor de tudo é que a
maioria estava feliz, de bem com a vida, talvez cansados, mas não fisicamente,
todos estavam com sorrisos em suas bocas, pensando no futuro, em um futuro
melhor, ao menos para eles.
Eu ri de algumas piadas, dei algumas olhadas de
lado, sorri por educação, mas por dentro não era nada que eu sentia. A única
coisa que me vinha na cabeça era que eu poderia estar no lugar de um deles se eu
fosse esperto o suficiente. Pelo menos essa é a resposta que eu tenho que
escutar praticamente todos os dias aqui em casa. De que sou inteligente, talvez
eu gabe-me um pouquinho disso, tenho um pouco de sabedoria, mas esperteza,
nenhuma, e todos nós sabemos que o mundo é dos espertos e não dos
inteligentes...
Enquanto me cravejo de espinhos secos de
realidade contra a minha moral, ainda tenho certas esperanças que um dia tudo
irá ficar bem, principalmente se eu passar no concurso público que prestei e
conseguir uma faculdade de graça, afinal é o que eu mais quero ultimamente,
abrir um sorriso com alguns livros entre as pernas, sentado em um ônibus de
transporte público e voltar a rir de coisas bobas.
B. Bellato.
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