E quando mais se tenta mais se atenta, quando mais se
esconde mais se transforma, quando mais esquece mais se recorda logo após. Não
há fuga. É complicado, estranho, ansioso demais. Como os dois polos magnéticos tentando
unir-se, mas sempre com uma grande barreira impedindo-os.
Sonho com a morte, saída fácil, mas sonho ainda mais
com nossas vidas unindo-se para sempre, mesmo sabendo que o que é preciso neste
período de amadurecimento é afastar-se para sempre. E tentando afastar-me,
procura-me, persegue-me, puxa papo com um assunto besta, e vai embora,
deixando-me com sede de tua presença.
Os teus trejeitos estereotipados, seus outros assuntos
excitantes, sua voz pretensiosa, seus sonhos juvenis e o seu modo de aproveitar
a vida, fazem de mim, apenas mais um dos teus discípulos, dos teus admiradores,
dos teus escravos, que mesmo sabendo como és, continuam ignorantes ao teu lado.
Mas não culpo tua visão de ver o mundo. Faz bem aproveitar
a vida deste modo, faz bem arriscar-se e não fazer muitas escolhas, grande coragem.
Essas coisas não pedimos nem para Deus. Nascemos assim. E a tentação então,
tudo tão simples, mas tão perigoso!
O que eu queria mesmo é esquecer que existe uma
pessoa melhor, da qual fui apaixonar-me, grande ironia da vida. Mal sei direito
o que é paixão, justo na minha idade mental, que é tanto comentada. Ignorância do
ser humano que pensa que sabe demais, mas na verdade é um mero instrumento bobo
do ganancioso destino. Não quero mais brincar de amor.
B. Bellato
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