22 de outubro de 2012

Café com Creatina


Corpo. Carcaça. Feita de água, garota, olhe-a. É o que os sarados, preparados, diagnosticados de suplementos, ratos de academia, namorados dos halteres, necessitam. Mas não são só eles que pensam no corpo, pensam no que é necessário a ser visado perante a sociedade nos dias de hoje. Os frangotes, fracos, mirrados e frágeis também pensam em melhorar, mas não porque querem, e sim porque são “levemente” empurrados, forçados a malharem.
Sim, é ótimo malhar, desenvolver qualquer tipo de atividade física, o que não é bom, e deixa de ser saudável, são essas manias de comparações de milímetros, o maldito tanque que não aparece, as centenas de reais gastas em suplementos, que realmente não são necessários. Mas se você estivesse no lugar dos magrelos, em meses de academia, se não aparecesse resultados significativos, o que faria? Pararia, obviamente.
E entre as comparações, os resultados, entramos no álcool, nas comparações novamente, na perda de capacidade e de satisfação, ganhamos um resfriado forte, paramos de malhar. Sentimos falta. Mas se iniciarmos a rotina masoquista novamente, estaríamos voltando aos centímetros, quilos, tanques, e tudo o que não mais se quer. Insatisfação com o corpo.  
Sempre tive certa admiração pelas esculturas de deuses, semideuses, guerreiros e até santos, com corpos sarados, bem estruturados, mas também pena. Não são reais, não existem corpos reais nos tempos antigos, não existem corpos perfeitos.  O que existe hoje, são suplementos que acabam com o corpo por dentro, mas o deixam estruturados por fora, anabolizantes contrabandeados e encontrados com qualquer criatura gigantesca e inflada em academias, unidos obviamente com estimulantes sexuais.
Antes vale um refresco carbônico no fim de uma tarde de calor, um chopp no fim de expediente, uma tequila nos sábados de loucura, ou um vinho nos sábados vazios, do que um café com leite e creatina? Não sei, só sei que reflito... Se estivesse nascido nos tempos de antigamente, depois de morto, seria esculpido com um corpo digno de guerreiro ou com um corpo esquelético, sobressaliente de costelas grandes e braços finos? Gostaria de saber se nos dias de hoje belos conteúdos formam belas capas depois de obras póstumas ou conhecidas.

B. Bellato

Nenhum comentário: