4 de março de 2013

O teu pescoço


Gostaria de esquecer, de ter aquele momento como qualquer outro, de fazer com que aquele sorriso em seu rosto fosse como qualquer sorriso que se ganha em um boteco de esquina quando se diz bom dia. Gostaria mesmo de esquecer o seu sotaque, seus olhos, seu corpo, gostaria de esquecer tudo. Gostaria tanto que peno todas as noites em tentar parar de sonhar um pouco com outras noites como aquela, noites como aquela não existem em sua vida, noites como aquela não existe em minha vida.
Quando fecho meus olhos e em uma fração de segundo ouço o surgir de um grave parecido com o que ouvimos, e que a cada vez em que olho para o meu relógio percebo que não são mais aquelas 04h45min da manhã, gostaria de esquecê-las, ou gostaria que as fosse.
Mesmo com poucos beijos, poucas carícias e poucos desejos naquele momento, eu apenas senti o que não havia sentido antes. Senti que deveria esquecer, de afastar-me, de ter a mim um momento, mas o único momento em que tenho em mente é aquele momento contigo. O que beijo o teu pescoço, e você, também extasiado com a situação, apenas ri.
Na verdade não gostaria de esquecer. Gostaria mesmo é de tomar a primeira condução para a capital e gritar teu nome em praça pública, procurar em cada esquina garoada aquele teu sorriso, procurar em cada bar aquela tua voz, e procurar em mim mesmo, não se esquecer, não tão cedo, do teu pescoço, que me tirou as minhas poucas horas de sono. Gostaria mesmo de saber como vai você e como vamos com tal situação...


B. Bellato

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