29 de maio de 2013

Remember

Chove. O que me resta depois da libertação de meus anseios sobre a vida, mesmo que por pouco tempo, são as memórias recentes, que possuem a inacreditável beleza do despertar de sentimentos. Sofro. Pedi a Deus certa vez que antes sofresse de amor, do que de solidão, assim, sofro sorrindo. Sorrio porque ainda não acabou, mesmo com a tristeza em saber que serei desprezado pelos mares do mundo, eu sorrio. Águas limpam. Dera eu satisfazer-me das águas.
Fatos como esse, que surgem em nossas vidas como a chuva, muitas vezes inesperadamente, fazem os pequenos detalhes serem importantes, e os minutos que precisam ser horas acabam sendo segundos com a mágica do deslumbramento. O tempo da mesma forma que cura também abre grandes feridas. Mas aceito, sofro sorrindo. O que importa realmente não é o silencio das incertas despedidas, o que importa são os sorrisos dos retornos que nos restam, que cada vez mais raros, tem mais importância. Sorrisos são obras divinas, correspondências de alma para alma, sorrindo encontro o teu abraço...
No abraço encontro o acalento de meu ser, que inseguro sobre o mundo, tem em seu peito o amor mais mundano, mesmo sendo o mais quente vivenciado. Entre os teus sórdidos sentimentos, sei que também algo esconde, só não aceita influências. E no abraço barganho minha mera ingenuidade ainda de garoto e caipira por um pouco de experiência urbana. Assim conhecia aos poucos teu mar, afinal a vida é um mar de contos.
Sussurrava em meus ouvidos “You’ll be fine”. Pode ser que sim, mas não agora, não hoje, pois da mesma forma que o destino trouxe o melhor pra mim, deixo para que o próprio tome suas reais providências sobre os meus sentidos.
Ainda há tempo de aproveitar o pouco tempo que nos resta, privo-me de debruçar sobre qualquer borrão de tinta e escrever banalidades sofridas. Prefiro dançar contigo, mesmo que uma música e com os olhos cansados de recusar teu “Move On”. Escrevo sim, mas escrevo meu destino em um pergaminho, coloco-o dentro da maior garrafa de vidro em que encontrar e ofereço-o à Iemanjá.
E enquanto as turbinas não serem ligadas, enquanto o capitão não acender seu painel monitorado, enquanto a âncora não levantar do cais, eu vou continuar tomando você como a melhor experiência que obtive até agora. E sei que quando partir, eu vou sorrir, pois é o que devo fazer mesmo sofrendo. Sorrir e agradecer.




B. Bellato

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