9 de setembro de 2013

O beijo de Vênus

Hoje apaguei os rascunhos das lições de um caderno universitário, aprendi mais com as lições que a vida me proporciona nas noites solitárias de uma casa noturna de quinta categoria. Aprendo com o tabaco seco de um cigarro com gosto, com um café preto às sete da manhã ou com os olhares de reprovação das bichas mais caretas de uma cidade de interior onde amar é proibido depois das seis da tarde. Fodam-se as funções matemáticas, sejam elas de que Grau forem.
Hoje sentei-me sobre a cama, ao acordar com o Sol batendo em minha janela ainda fechada, e percebi que o mundo é mais do que fumar algum baseado, trepar com alguma prostituta ou estudar anos para ser doutor. O mundo é o simples toque de colocar os pés no chão gelado e com a cabeça latejando ainda as batidas eletrônicas de uma noite nada inteligente, ouvir um pardal piar alto na procura de qualquer porcaria que satisfaça sua fome.
Estamos vivendo, mesmo não olhando para o céu em um momento onde Vênus quase beija a lua, e Saturno observa de longe, como o admirar de um voyeur. Temos que comer, mesmo quando não temos dinheiro para nos satisfazermos de lixo psico-cultural produzido em massa, temos que beber, mesmo que não seja sua vodka russa predileta. Temos que amar, mesmo que não seja a pessoa da qual vive sem você.
Sejamos mais sinceros. Enquanto pedimos por piedade, a nossa fé se esconde entre o vivenciar do mundo em que nos encontramos. Sejamos mais fortes, procuremos nossa fé onde o futuro exista sobre o que há de melhor. Mesmo que o custo seja o caderno borrado, uma noite mal dormida ou mais um pardal sobre a janela ao meio-dia.




B. Bellato

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