12 de novembro de 2013

Mataram minha arte

As segundas-feiras não só pregam que a semana apenas se inicia, e devo dizer, não existem holidays. O pão chega suado, o pato quem paga é o próprio que vos fala, e o amor é pura distração lotada de esperança. Nós somos jovens. E nem sempre satisfeitos. O jeito doce e ácido foi desfeito aos poucos, não existem mais obras primas. As tumbas abertas do que se torna obsoleto enfrentam as lágrimas de um novo ser. Por ora, mataram minha arte.
E em meu diminuto tribunal, não há testemunhas que comprovem que os suspeitos sejam os verdadeiros culpados. Quem matou minha arte? A senhora rotina, que se encontra vazia e preguiçosa? A senhorita Ira, perversa, lotada de problemas a se preocupar e caçada pelos soldados ansiolíticos? Entre a lista também temos o senhor Exausto, muito importante para desvendar as pistas de uma vida como a da vítima.
Resta apenas ao júri leitor, que com tantas poucas provas, encaminhar o culpado até seu devido julgamento. Entre as principais razões da morte estão a lei seca, complexos de paixões e saudades, abstinência imoral, negligência absoluta de tempo hábil e um capitão, meio sem jeito, hasteando um estandarte com as cores do Brasil.
Escolham a marcha para o funeral, quem sabe o hino nacional, ou a trilha sonora de Esparta, declamem “Vou me embora pra Pasárgada”, chamem a vizinhança, afinal, em nosso país a morte da arte é sempre mais um grande evento para que um futuro incerto se divirta sobre as flores fedorentas de uma coroa de sutilezas.
Mas ainda há esperanças de que a luz volte a incandescer o mar de lamentos de uma modorrenta vida, pois como Nietzsche pregava: “Temos a arte para não morrer da verdade”.




B. Bellato

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