12 de janeiro de 2015

O calor da solidão

    Uma e vinte da manhã. A insônia ainda entontece a mente vaga. As horas mergulham num poço de dúvidas sobre o futuro e o que mais se quer é que os problemas acabem. Toma água, coca-cola. Tem dúvidas sobre as duas. Tem dúvidas sobre a vida.
     Mas a solidão nao o deixa em dúvidas. Clama apenas por paz de espirito. E mesmo com a cama quente, suando sobre os lençóis, ainda sabe que na perrenga de Janeiro é apenas ele com ele mesmo. Sem conclusões sobre alguns atos e com a cabeça limpa sobre outros admira a janela aberta. Lá fora encontra o cruzeiro do sul, as três marias, outros pingos de leite na toalha preta sem fim. Admira-se com a lua e promete a si mesmo dar um fim ao seu enfadonho passado. Janeiro serve pra isso.
     Mesmo sozinho abraça suas dúvidas, faz duas, três orações, ainda com a fé abalada. Interrompe o sono que bate na porta de suas pálpebras e sussura um cantarolar de emoções, algo parecido com caetano.
     Lembra de seus homens e sorri. Eles ainda estão vivos e seguem em frente. Basta apenas seguir também. As pálpebras amolecem. Ajeita o despertador para encarar a segunda e deixa a partir do mesmo instante o ventilador trabalhar sozinho. Aguardará as cinzas de carnaval para cantar chico sem dinheiro. E os graus da madrugada foram-se a diminuir.

B. Bellato

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